Resultados de outros estudos foram contraditórios sobre se mosquito é ou não um transmissor do zika. Agora, novas evidências apontam para possível capacidade de transmissão.
Com a rápida expansão do zika em território brasileiro nos últimos anos, há um tempo pesquisas na Fiocruz tentam indicar se outros vetores — além do Aedes aegypti – são capazes de transmitir o vírus.
A desconfiança maior recaiu sobre o pernilongo Culex quinquefasciatus que, como o Aedes, é comum em áreas urbanas. A Fiocruz, então, foi investigar se o mosquito é capaz de transmitir o Zika – e, agora, após o sequenciamento genético do vírus encontrado no mosquito, pesquisadores afirmam que há dados consistentes capazes de sugerir que o Culex é transmissor do zika em Recife.
O estudo foi publicado nesta terça-feira (9) no “Emerging Microbes & Infections”, publicação do grupo “Nature”.
A Fiocruz já sequenciou genoma do zika coletado em humanos. O artigo foi publicado na revista “PLos” em 2016. Agora, a diferença foi que o vírus sequenciado foi obtido do mosquito coletados em Pernambuco. Semelhanças entre os dois sequenciamentos indicam que o Culex tem potencial para ser um vetor.
Até agora, pesquisas sobre se o pernilongo seria um possível vetor do zika foram contraditórias – enquanto alguns estudos demonstraram que o Culex não transmite o vírus – um artigo recente publicado no mesmo periódico indicou que o pernilongo coletado em áreas urbanas da China foi infectado com cepas locais do vírus zika.
O achado pode influenciar políticas públicas voltadas para o controle do mosquito. A Fiocruz agora pretende mapear o comportamento do pernilongo no meio ambiente para entender se o Culex de fato tem o mesmo poder de transmissão que o Aedes.