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Uma a cada seis pessoas com mais de 40 anos têm bexiga hiperativa

Quem sente urgência em levantar toda a hora e tem até o sono interrompido várias vezes à noite pela necessidade de ir ao banheiro nem sempre desconfia, mas pode sofrer de um mal que afeta uma em cada seis pessoas com mais de 40 anos. A bexiga hiperativa é uma síndrome que afeta homens e mulheres quase na mesma proporção.

Em alguns casos a síndrome provoca incontinência urinária, a perda involuntária da urina pela uretra. O incômodo faz com que muitos pacientes se isolem socialmente, o que pode deflagrar ou agravar quadros depressivos.

O que piora o quadro é o fato de muitos homens e mulheres adiarem por anos a busca de um tratamento. “Quase dois terços dos pacientes têm sintomas por mais de dois anos quando resolvem procurar ajuda”, diz o urologista e especialista em transplante renal, Rodrigo Rosa de Lima. “Mas quanto antes o tratamento tem início, melhores são os resultados”, observa.

Apesar de haver poucos dados sobre a BH no Brasil, o estudo National Overactive Bladder Study (NOBLE), realizado nos Estados Unidos, aponta que a bexiga hiperativa afeta 16,9% das mulheres e 16% dos homens.

De acordo com o urologista Rodrigo Rosa de Lima, o distúrbio pode ter várias causas, inclusive de ordem neurológica, e o diagnóstico é clínico, feito com base nos sintomas apresentados pelo paciente. Usa-se como parâmetro a necessidade de urinar muitas vezes de dia ou de noite, com ou sem urgência e/ou incontinência.

“Para atestar a síndrome temos que afastar as hipóteses de cálculo renal, de infecção urinária e da presença de algum tumor”, ressalta.

Ainda de acordo com Rodrigo, a Bexiga Hiperativa em homens se torna mais prevalente após os 50 anos de idade, quando o aumento da próstata, recorrente nessa faixa etária, começa a impactar o órgão. Em mulheres, a maior parte dos casos é idiopático, ou seja, sem causa definida.

Diferenças

Outra diferença entre os gêneros é que em homens a síndrome costuma se apresentar de forma seca, sem que haja perda de urina, na maior parte dos casos, ao contrário do que costuma acontecer com mulheres, mais afetadas pela chamada bexiga hiperativa úmida.

Apesar de algumas semelhanças, a doença não deve ser confundida com a incontinência urinária, que se caracteriza não pela urgência de urinar, mas sim pela perda do controle da bexiga e pela eliminação involuntária da urina pela uretra. “Nem todo caso de incontinência decorre de bexiga hiperativa, assim como nem todo caso de bexiga hiperativa vem acompanhado de incontinência”, salienta o urologista.

O especialista destaca que grande parte dos pacientes passa a ingerir menos água quando se depara com os sintomas da bexiga hiperativa, mas o efeito pode ser o contrário do desejado.

“Bebendo menos líquido, a urina pode ficar mais concentrada, o que vai trazer irritação à bexiga. Então, em vez de diminuir, ela vai aumentar a frequência de ida ao banheiro”.

Tratamento

Entre as opções de tratamento, o especialista explica que o primeiro passo é a mudança comportamental. “Se a pessoa acorda muito à noite para urinar, eu oriento ao paciente que pare de ingerir líquidos pelo menos uma hora antes de dormir. Também é preciso evitar comidas e bebidas como café, refrigerante de cola, pimenta, chocolate, sucos cítricos, chá preto e chá verde, além do álcool e do cigarro, que são substâncias que aceleram o funcionamento da bexiga”, explica.

O passo seguinte, caso as mudanças comportamentais não promovam as melhorias desejadas, é o acompanhamento com fisioterapeuta, antes do uso de medicamentos ou associado a eles desde o início. Por fim, se as etapas anteriores não funcionarem, o último estágio é a aplicação da toxina botulínica (mesma substância utilizada no Botox).

“O mecanismo do tratamento é provocar a paralisia muscular localizada, sem afetar outros músculos ou órgãos vizinhos”, diz o urologista. “Isso promove o melhor controle urinário, o aumento da capacidade de armazenamento da bexiga e a diminuição de casos de urgência ou incontinência urinária”, diz o médico.

O efeito da toxina botulínica é transitório e questões como o intervalo entre as aplicações e a quantidade a ser injetada devem ser avaliadas caso a caso. Além disso, o médico pontua que o uso acarreta risco de retenção de urina em cerca de 5% dos pacientes, requerendo que seja feito cateterismo enquanto a substância estiver presente no organismo.

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