Ele era vizinho e mantinha um relacionamento com a vítima há um mês, segundo a família.
O suspeito de assassinar uma obstetriz em Conchal (SP) foi preso pela Polícia Militar em Malacacheta (MG) na tarde deste domingo (20). Nelly Cristina Venite de Souza Maria, de 27 anos, foi morta com 16 facadas no prédio onde ela morava no bairro Porto Seguro.
Emilson Rodrigues de Jesus era vizinho da vítima e mantinha um relacionamento com ela há um mês, disse a família. Segundo a Guarda Civil Municipal (GCM) de Conchal, uma testemunha viu o suspeito deixar o apartamento da obstetriz após o crime.
A PM informou ao G1 que cumpriu um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça de São Paulo e que Emilson foi detido no distrito de Jaguaritira, distante a 985 quilômetros de Conchal, onde aconteceu o assassinato na madrugada de sábado (19).
Segundo a PM, o suspeito foi detido com o carro da vítima, um Gol verde. Informações compartilhadas pelas rede sociais e denúncias anônimas levaram os policiais a Emilson, que permanceu calado no momento da prisão.
A PM informou que, após a elaboração do boletim de ocorrência, o suspeito foi encaminhado para delegacia de Teófilo Otoni (MG), onde permanecerá à disposição da Justiça.
O G1 não conseguiu contato com o delegado responsável pelo caso, que foi registrado como homicídio, roubo de veículo e tráfico de drogas.
Alívio
A notícia da prisão do suspeito tranquilizou um pouco mais a família, disse o cunhado da vítima, Eduardo Freitas. “Estão todos mais aliviados. Mas sabemos que é só o início da Justiça sendo feita”, afirmou.
Segundo ele, o relacionamento da obstetriz com o suspeito começou há um mês e a família ainda não sabe o que motivou o crime. “Era muito recente, a gente não se conforma, ela tinha a vida toda pela frente”.
De acordo com o cunhado, os pais de Nelly estão separados há anos. A mãe dela mora em Paris e deve chegar ao Brasil na noite deste domingo. O velório da filha está marcado para as 8h de segunda-feira (21) em Jardinópolis (SP), cidade onde o pai mora. O enterro será às 14h no cemitério municipal.
Amável e inteligente
Freitas contou que Nelly era uma pessoa amável e inteligente. Formada em obstetrícia pela Universidade de São Paulo (USP), ela trabalhava como obstetriz há três meses no Hospital e Maternidade Madre Vaninni de Conchal.
“Estivemos juntos no Ano Novo e ela estava muito feliz com o novo emprego, disse que tinha encontrado um lugar bacana para trabalhar. Almejava presentar algum projeto para a cidade a respeito do parto humanizado”, contou Freitas.
Segundo ele, a família não se conforma com a agressividade como tudo aconteceu. “Meu sogro está inconformado, estamos todos chateados, a ficha ainda não caiu”, disse.
Carta de repúdio
A Associação de Alunos e Egressos do Curso de Obstetrícia da Universidade de São Paulo (AO-USP) publicou na rede social uma carta de pesar e repúdio.
“A dor que sentimos hoje pelo crime de feminicídio que interrompeu sua vida também é a dor pela perda de uma companheira, ativista que fortaleceu o ideal de uma profissão que luta pelo fim da desigualdade de gênero e da violência contra as mulheres”, diz um trecho do texto.
A diretora do hospital onde Nelly atuava disse que a funcionária era simples, acolhedora e comprometida com o trabalho.
“Uma pessoa que passava dias e dias ao lado do leito de um doente, acompanhando. Tinha uma enorme empatia para com o sofrimento do outro. É uma dor profunda porque era uma pessoa que fazia o bem”, disse Suelene Santos.
O crime
Na madrugada de sábado, o corpo de Nelly foi encontrado pela GCM com ferimentos na cabeça, braços e tórax, além de sinais de estrangulamento.
De acordo com a GCM, o vizinho contou ter ouvido a vítima pedir socorro por volta das 3h e acionou as autoridades. Quando os gritos cessaram, ele viu o suposto namorado sair da kitnet onde a moça morava.
Os guardas municipais entraram na casa dele e encontraram 64 pinos de cocaína. Uma faca com marcas de sangue também foi apreendida.