No dia 14 de maio, ex-senador Clésio Andrade foi condenado por lavagem de dinheiro e absolvido dos crimes de peculato.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou nesta quarta-feira (23) que recorreu e pediu a condenação do ex-senador Clésio Andrade pelos crimes de peculato no mensalão tucano. Ele foi denunciado pelo procurador-geral da República por sete delitos de peculato e por seis delitos de lavagem de dinheiro.
No último dia 14, ele foi condenado por lavagem de dinheiro a cinco anos, sete meses e 15 dias de reclusão e 80 dias-multa, e absolvido pelos crimes de peculato.
A sentença foi proferida pela juíza Lucimeire Rocha, da 9ª vara criminal de Belo Horizonte, no dia 11 de maio. Na decisão, a magistrada fixou o regime inicial como semiaberto e absolveu Clésio Andrade dos crimes de peculato.
De acordo com a assessoria do MPMG, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte apelou da sentença e apresentou recurso na última sexta-feira (18) no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). A apelação do Ministério Público pretende que Clésio Andrade seja condenado por todos os delitos descritos na denúncia.
O advogado que representa o ex-senador, Eugênio Pacelli, também recorreu, mas não informou os argumentos da defesa. O defensor disse somente que confia na Justiça.
“Confiamos na independência e na qualidade do Poder Judiciário mineiro. A douta juíza já demonstrou isso quando o absolveu do crime mais grave, após aprofundado exame da prova. A condenação pelo delito menos grave deveu-se a equívoco de interpretação, que temos certeza que será corrigido no Tribunal”, afirmou o defensor por meio de nota.
O Fórum Lafayette confirmou os recursos da defesa e do Ministério Público.
Na época, em 1998, Andrade era candidato a vice-governador da chapa encabeçada por Eduardo Azeredo (PSDB), já condenado em 2ª instância no mensalão tucano. Atualmente, o ex-senador é presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e do Sest/Senat.
Clésio Andrade foi acusado de participar de desvio de verbas para beneficiar a candidatura à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas em 1998. No interrogatório em agosto do ano passado, afirmou que fez campanha paralela e investiu R$ 3 milhões não declarados.
Andrade foi acusado de peculato e lavagem de dinheiro por ter, supostamente, tentado ocultar recursos recebidos do empresário Marcos Valério, sócio da agência de publicidade SMP&B. Segundo a denúncia, foram desviados R$ 3,5 milhões, a título de patrocínio para os cofres da campanha.
Mensalão tucano
De acordo com a denúncia, o mensalão tucano teria desviado recursos para a campanha eleitoral de Azeredo, que concorria à reeleição ao governo do estado, em 1998.
O esquema envolveria a Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) e teria desviado ao menos R$ 3,5 milhões por meio de supostos patrocínios a três eventos esportivos: o Iron Biker, o Supercross e o Enduro da Independência. Todos os réus negam envolvimento nos crimes.
Além de Clésio, o ex-governador do estado Eduardo Azeredo (PSDB) foi condenado em segunda instância a 20 anos e um mês de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro em agosto passado. Sua defesa alega que ele é inocente. Ele foi preso nesta quarta-feira (23).