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Greve dos caminhoneiros traz prejuízo de R$ 1,1 bi por dia em Minas

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Federação das Indústrias de Minas afirma que diversos setores do estado tiveram sua cadeia produtiva afetada pela paralisação e alerta que falta de alimentos pode agravar o cenário

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, estima em R$ 6,6 bilhões o prejuízo do setor produtivo provocado nos primeiros seis dias da greve dos caminhoneiros. Segundo ele, se o movimento se estender por mais uma semana, haverá desabastecimento generalizado e a sociedade mergulhará no caos, com pessoas dispostas a saquear para conseguir alimentos. “Nem o Exército dará conta quando faltar comida. Entraremos no caos e o tecido econômico será fatalmente atingido”, disse.

O setor alimentício é o mais atingido. No segmento do laticínio – Minas é a segunda maior bacia leiteira do Brasil e produz 36% dos lácteos brasileiros –, 80% do leite está sendo jogado fora. Mas toda a indústria está paralisada, pois, o processo é complexo e a falta de um único item interrompe todo o ciclo. “O setor siderúrgico abafou todos os alto-fornos. Vários setores estão sofrendo a ruptura das cadeias produtivas, teremos uma onda de inadimplência afetando outros segmentos que não foram ainda impactados, inclusive o setor financeiro”, afirmou Roscoe.

Além do setor financeiro estar travando o crédito ao sistema produtivo, nem as seguradoras estão aceitando cobrir as cargas. “A crise tem várias vertentes. A vertente financeira, a vertente do sistema produtivo, a vertente do ciclo de produção (ciclos longos não podem ser prontamente restabelecidos) e a vertente do caos em que vai se mergulhar a população. Como as pessoas vão reagir com o desabastecimento?”, afirmou Roscoe.

Em reunião ontem à tarde com representantes de 100 sindicatos patronais de todo o estado – 50 deles da região metropolitana e 50 do interior, participando por videoconferência –, a Fiemg divulgou carta à sociedade. “Vai faltar pão! Estamos na iminência do caos”, sustentou o documento, que exigiu a desobstrução das estradas e a normalização do transporte de carga no Brasil. “Entendemos que a paralisação é legítima em seus objetivos, mas deve ser encerrada uma vez que as principais reivindicações dos caminhoneiros foram atendidas com a redução do preço do diesel e com o estabelecimento de novos critérios para reajustes futuros”, acrescentou.

Considerando o momento “gravíssimo”, Roscoe sustentou ser hora de interromper a movimento. “Os prejuízos a partir daqui serão irrecuperáveis e ninguém saberá dizer quais serão os desdobramentos na hora que faltar comida”, disse. Ontem, ele se reuniu com o governador Fernando Pimentel (PT) para levar o balanço da Fiemg e solicitar o apoio do estado e o emprego das forças policiais para a desobstrução das estradas. “Não podemos mais aceitar que um setor coloque toda a sociedade em risco. Estamos a um passo do caos”, disse.

POLÍTICA DE PREÇOS
Toda a crise volta a expor a dependência nacional de um único modal para o transporte. Mas também demonstra a inadequação da política de preços adotada por Pedro Parente na Petrobras. “Não concordamos com o reajuste diário dos combustíveis. Nenhum segmento da economia tem esse privilégio. Isso realmente foi uma exacerbação de uma política de preços”, disse Roscoe, defendendo reajuste no máximo mensal. “Essa política de preços diários é equívoco, pois é commodity da economia e as pessoas precisam ter previsibilidade”, acrescentou. Ele também criticou o que chamou de “monopólio da Petrobras” e defendeu a privatização da empresa.

GRAVIDADE No mesmo tom, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma em nota que o país está na iminência de problemas ainda mais graves do que foram vistos até agora. E conclama as autoridades a buscar uma solução imediata para essa situação. “O abastecimento de água para uso humano está comprometido porque não estão sendo entregues produtos químicos para tratamento”, assinalou a CNI.

“Não se trata apenas de distribuição de combustíveis. Sem ração, já foram sacrificadas 100 milhões de aves. Além de deixar as famílias brasileiras sem ovos e sem carne, há um grave risco à saúde pública e ao meio ambiente. Não há sequer como enterrar as carcaças desses animais. Desde o início da paralisação, foram jogados fora 300 milhões de litros de leite”, afirma a nota, acrescentando ainda que “há risco de ficarmos sem comunicação, pois os grupos geradores, que suprem energia para as telecomunicações na ausência da energia elétrica, necessitam de diesel e podem parar de funcionar”.

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