De acordo com ministro das Comunicações, discussão sobre eventual venda da estatal ficará para o próximo governo.
O ministro das Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou nesta sexta-feira (18) ao G1 que o governo Michel Temer não vai dar seguimento à proposta de privatização dos Correios.
Em março do ano passado, diante das dificuldades financeiras da estatal, o ministro afirmou que “a privatização do todo ou de parte dos Correios” seria o caminho caso não fosse possível cortar gastos para sanear a empresa.
Depois, em setembro do ano passado, o então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que o governo estudava a privatização da empresa e que, entre os modelos em análise, estava a realização de um “IPO”, sigla em inglês para uma oferta inicial de ações para obter recursos privados no mercado.
Também em setembro, os funcionários dos Correios iniciaram uma greve que, entre as justificativas, estava justamente a intenção do governo de privatizar a estatal.
Fim de governo e eleições
De acordo com Kassab, “não faz sentido” discutir a privatização dos Correios nesse momento, faltando poucos meses para as eleições presidenciais e para o fim do governo do presidente Michel Temer.
O ministro informou, porém, que os estudos sobre medidas para dar mais eficiência à empresa, entre elas o fechamento de agências, continuam sendo feitos e vão subsidiar uma possível decisão do próximo presidente.
“Deixaremos como legado uma empresa recuperada. E o debate [sobre a privatização dos Correios] vai ficar para o próximo governo”, disse Kassab.
Corte de gastos e resultado
No momento em que veio à tona, no ano passado, que o governo avaliava a privatização dos Correios, a estatal enfrentava situação financeira delicada e vinha de 4 anos seguidos de prejuízo. Apenas entre 2015 e 2016, as perdas da empresa somaram R$ 3,6 bilhões.
Diante disso, a direção dos Correios promoveu um programa de incentivo a demissões voluntárias de funcionários e anunciou corte de cargos de chefia, o fechamento de pelo menos 250 agências e a alteração das regras de seu plano de saúde para instituir a cobrança de mensalidade dos funcionários e de seus dependentes.
A mudança nas regras do plano de saúde levou os funcionários a uma greve neste ano, que foi encerrada após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) autorizar os Correios a cobrar a mensalidade de seus funcionários.
Na semana passada, a estatal anunciou que registrou em 2017 lucro de R$ 667 milhões, o primeiro após quatro anos de prejuízo.