Recomendação mudou após casos deste tipo de câncer aumentarem nos EUA. Indicação inicial era de que exames deveriam ser feitos a partir dos 50 anos.
A Sociedade Americana do Câncer anunciou novas diretrizes quanto a prevenção do câncer colorretal e passou a recomendar que exames sejam feitos a partir dos 45 anos em vez dos 50, recomendação anterior. A mudança veio depois que houve um aumento nos casos de câncer do tipo nos EUA entre adultos mais jovens.
A nova recomendação aparece na publicação científica “CA: A Cancer Journal for Clinicians” de quarta-feira (30).
O câncer colorretal é o terceiro que mais mata pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Nos Estados Unidos, é o segundo tipo de câncer que mais mata dentre os que afetam tanto homens quanto mulheres, de acordo com dados do Centro Nacional de Controle de Doenças.
Depois de cair entre 1970 e 2014, os casos de câncer colorretal voltaram a subir nos EUA nos últimos anos em adultos entre 20 e 54 anos.
“Por trás destes números estão pessoas reais, e todos nós do universo do câncer de colorretal. Todos os gastroenterologistas e oncologistas temos vistos mais e mais jovens adultos desenvolverem a doença”, disse o Dr. Richard Wender, responsável pelo desenvolvimento das novas diretrizes, à CNN.
Diferentes formas de exame
Para mudar as diretrizes, a Sociedade Americana do Câncer revisou vários estudos sobre exames usados na prevenção do câncer colorretal. Baseados nesta revisão, os pesquisadores identificaram diferentes estratégias que podem ser eficazes.
Eles sugerem que a partir dos 45 anos, as pessoas façam uma colonoscopia a cada 10 anos ou uma colonoscopia virtual a cada cinco anos; ou uma sigmoidoscopia a cada cinco anos; um teste de DNA de fezes a cada três anos; um teste imunoquímico fecal anualmente; ou um teste de sangue oculto nas fezes de alta sensibilidade a cada ano.
De acordo com Wender, apesar da variação dos tipos e da frequência “todos os testes são aproximadamente parecidos e podem ser oferecidos aos pacientes”.
“Descobrimos que se você oferecer a escolha entre uma colonoscopia ou um exame menos invasivo, a maioria das pessoas vai optar por algum tipo de exame, que é o nosso objetivo final”, diz ele. “Não posso enfatizar o suficiente o quanto tivemos cuidado neste estudo. Levamos dois anos trabalhando nisso para criar um argumento e apresentar evidências que a idade ideal para se começar a fazer exames para todos é aos 45 anos, não aos 50.”
Por enquanto, outras organizações de saúde dos EUA ainda não mudaram suas recomendações quanto a idade para início dos exames.
Aumento no número de casos
Em entrevista à CNN, o médico George Chang, chefe da equipe de cirurgia colorretal do hospital Anderson Cancer Center em Houston, nos EUA, declarou que mais estudos podem ajudar a entender as causas do aumento do número de casos.
Segundo ele, o estilo de vida mudou muito nas últimas décadas: “Sabemos que a obesidade está associada com um aumento da incidência de vários tipos de câncer, incluindo o colorretal. E a epidemia de obesidade continua sendo um problema importante nos Estados Unidos. Isso pode ser um dos fatores associados”, disse.
Dietas com muita comida processada, sedentarismo e o ambiente também podem ser fatores que contribuem para o aparecimento da doença.
Um estudo divulgado pela Fundação World Cancer Research e o Instituto Americano de Pesquisa do Câncer destacou que existem evidências fortes de que ser fisicamente ativo e comer grãos integrais e alimentos ricos em fibras, juntamente com outros hábitos saudáveis, pode diminuir o risco de câncer colorretal.
Consumir carne vermelha, carne processada e bebidas alcóolicas, entre outros fatores, pode aumentar as chances de câncer colorretal.
Prevenção
Para qualquer adulto, não importa a idade, é importante prestar atenção ao seu corpo e aos hábitos intestinais, diz Chang. Qualquer mudança deve ser comunicada ao médico. “Mesmo se você é mais novo, se notar que houve mudança nos seus hábito intestinais e algo não está certo, vá ver seu médico”, diz.
A médica Nilofer Saba Azad , professor de oncologia no hospital Johns Hopkins em Baltimore, concorda com a mudança nas diretrizes.