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Estudo identifica pela 1ª vez genes essenciais de parasita causador da malária

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Objetivo dos cientistas é o desenvolvimento de drogas que bloqueiem ação do plasmodium falciparum, que está ficando resistente aos medicamentos atuais. Pesquisa foi publicada na ‘Science’ nesta quinta-feira (3).

Novas técnicas genéticas identificaram pela 1ª vez quais genes são essenciais para a sobrevivência do plasmodium falciparum, parasita causador da forma mais letal da malária. O estudo foi publicado na revista “Science” nesta quinta-feira (3) e pode auxiliar no desenvolvimento de novas drogas para combater mortes pela doença. O falciparum é responsável por 90% das fatalidades de malária no mundo, de acordo com os autores da pesquisa. O parasita também está ficando resistente aos tratamentos atuais.

A técnica utilizada na “Science” agora é diferente daquelas mais comuns na ciência — quando os cientistas fazem um sequenciamento genético do patógeno e apenas identificam cada um dos genes. O que os cientistas fizeram agora foi analisar a importância de cada gene para a existência do parasita. Com isso, eles podem desenvolver “drogas-alvo” capaz de desativar especificamente esses genes.

“Usando nossas ferramentas de análise genética, fomos capazes de determinar a importância relativa de cada gene para a sobrevivência do parasita”, diz John Adams, um dos principais autores do estudo e pesquisador da Universidade do Sul da Flórida, em nota.

A pesquisa foi desenvolvida pela Universidade do Sul da Flórida e pelo Instituto Wellcome Sanger, ambos nos Estados Unidos. O estudo publicado na “Science” mostra com detalhes o repertório desses genes essenciais encontrados pelos pesquisadores, que foram calculados em mais de 2.000.

A malária é uma doença predominante em países tropicais porque é transmitida por mosquito. Segundo a Organização Mundial de Saúde, quase metade da população mundial (3,2 bilhões) está em risco de infecção pela condição.

A África é a região global mais atingida e responde a cerca de 80% dos casos; no Brasil, a doença é mais comum na região Amazônica — com cerca de 99% dos registros nacionais, segundo a Fiocruz.

Os sintomas mais comuns da malária são febre, dor de cabeça, vômitos e calafrios. Há a possibilidade de anemia grave e dificuldade para respirar. Em casos mais graves, ocorre a malária cerebral, com convulsões e comas. Os sintomas vão aparecendo em ciclos, na medida em que o parasita vai infectando e rompendo os glóbulos vermelhos.

Técnica e drogas resistentes

Para chegar a esse material genético primordial, os cientistas inativaram quase todos os genes do plasmodium e identificou que 2.680 são essenciais. No experimento, eles foram desativando os genes um a um e percebendo quais deles são essenciais para a existência do parasita.

O desenvolvimento de novas drogas contra a malária é particularmente importante porque os medicamentos atuais estão falhando em boa parte do mundo, afirmam os autores do estudo.

Isso ocorre porque o parasita está ficando resistente às drogas atuais utilizadas – principalmente a artemisina, o composto mais comum utilizado contra a doença.

“Precisamos de novos alvos para drogas contra a malária agora mais do que nunca, já que nossos atuais medicamentos estão falhando”, diz Julian Rayner, coordenador do estudo e pesquisador do Instituto Wellcome Sanger.

A expectativa dos cientistas é que a descoberta ajude no desenvolvimento de novas terapias em que o parasita não consiga desenvolver resistência.

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