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DEM pode abrir os caminhos para Pacheco ser candidato ao governo de MG

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Caso a dobradinha entre PT e PMDB se reedite na disputa pelo governo de Minas – o que parece ser o mais provável – o deputado e pré-candidato Rodrigo Pacheco migrará para o DEM. Ele foi convidado pelo presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ingressar no partido. Na avaliação de Maia, que projeta um crescimento da legenda no país inteiro, falta, em Minas, um nome de peso para atrair popularidade à sigla.
Outros peemedebistas acreditam que o comportamento de Pacheco é “mal agradecido” com as “regalias” que ele ganhou da bancada do partido em Brasília. O deputado é o primeiro mineiro a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara – o colegiado mais importante da Casa – desde 1983. O cargo foi dado a ele pelos próprios correligionários, que, hoje, se sentem pouco prestigiados pelo “favor”. “Quem colocou ele lá foi a gente. Se ele está na televisão toda semana, é por causa da gente. Mas o mundo dá voltas, ele não é tão forte como pensa”, diz um deputado. Na CCJ, Pacheco apareceu para o Brasil ao escolher os relatores das duas denúncias feitas pela Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer (PMDB).
Na primeira denúncia, em junho, Pacheco surpreendeu o governo e o PMDB ao colocar o deputado Sérgio Zveiter, considerado adversário de Temer, como relator. De fato, o relatório produzido pelo parlamentar foi favorável ao recebimento da denúncia. Interlocutores apontam que a “Rede Globo” foi a principal avalista do nome de Zveiter junto a Pacheco para o cargo. O peemedebista nega que tenha recebido qualquer tipo influência na escolha.
Já na segunda denúncia, dois meses depois, o escolhido foi o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), integrante fiel da base governista. “Não abri mão de não aceitar interferências do governo nem da oposição, foi um trabalho isento e imparcial. Fiz questão de afirmar isso sempre. Não há um ponto que possa ser dito que me rendi a algum tipo de influência. Escolhi relatores capacitados, advogados e conhecedores jurídicos. Todas as decisões foram tomadas pelo regimento. Ora prejudicando o governo, ora beneficiando o governo, não foi nada com cartas marcadas. Sempre com isenção”, explica.
“Bonifácio é um decano, foi presidente da CCJ, uma pessoa que não há uma vírgula para ser criticado”, argumenta, completando. Em Brasília, há especulações de que a escolha de Andrada esteve condicionada à continuidade de aliados de Pacheco e do deputado federal Luiz Fernando Faria (PP-MG) na Petrobras, fato também negado com veemência por Pacheco.
Antes de assumir a CCJ, Pacheco foi especulado em outros cargos, inclusive no governo federal. Em fevereiro, após a nomeação de Alexandre de Moraes para o Supremo, o parlamentar mineiro foi cotado para assumir o Ministério da Justiça – nenhum convite foi feito, no entanto. “Eu teria aceitado com o maior prazer, mas isso já está superado”, conta.
Depois, em negociação com a bancada mineira, insatisfeita com a falta de espaço na administração, Temer propôs a criação de um Ministério do Saneamento apenas para abrigar um deputado do grupo. O escolhido foi Rodrigo Pacheco, mas, dias depois, após articulação do ex-governador Newton Cardoso, o presidente desistiu da ideia e cancelou a criação da pasta. A motivação de Newtão, segundo interlocutores, teria sido a não indicação de seu filho, o deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), para assumir o ministério.
Cobiçado
Tentativa. Apesar da falta de definições internas quanto ao PMDB, Pacheco já tem se articulado para viabilizar uma candidatura de considerável força ao governo de Minas. Com o aval do senador Aécio Neves, conseguiu a garantia de que terá o apoio do PSDB na campanha.
Outros partidos. Pacheco também costura o apoio do Avante (ex-PTdoB), controlado pelo deputado federal Luis Tibé (Avante-MG), que foi convencido por Aécio da viabilidade de Pacheco, e do Podemos (ex-PTN), do vereador Wellington Magalhães. Outra sigla prestes a embarcar na candidatura de Rodrigo Pacheco é o PP, que vem conversando com o deputado por meio de Luiz Fernando Faria e do ex-governador Alberto Pinto Coelho.
Dobradinhas polêmicas e apoio de advogados de renome
Em 2014, em sua primeira eleição, Rodrigo Pacheco obteve 92 mil votos – o 38º mineiro mais votado. Ele fez dobradinhas com o deputado estadual João Magalhães (PMDB), citado em uma série de escândalos de corrupção, e com o ex-deputado Leonardo Moreira (PSDB) – filho do também ex-político Edmar Moreira (PSDB), que ganhou notoriedade no início desta década por possuir um gigantesco imóvel em forma de castelo medieval na cidade de São João Nepomuceno, na Zona da Mata. “Foi a campanha mais cara de Minas, gastou milhões e milhões”, conta outro deputado peemedebista.
Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Pacheco registrou um total de gastos de R$ 3,8 milhões. Segundo a Corte, o próprio deputado foi o principal financiador de sua campanha, utilizando R$ 2,9 milhões.
A razoável quantia expõe a boa condição financeira do peemedebista. Advogado há 15 anos, ele ingressou no direito fazendo estágios em escritórios de renome e teve uma carreira meteórica no meio. O primeiro trabalho, ainda quando estudava na PUC Minas, se deu no escritório do advogado Sérgio Sette Câmara – atual presidente do Atlético. Depois de formado, fez uma especialização em direito penal e seguiu na área, tornando-se assistente e, depois, sócio de Maurício Campos Júnior. “Prestei vestibular para direito na PUC e para medicina na UFMG. Não passei na federal, então segui pro direito”, conta, rindo, para depois completar que a decisão foi acertada.
Como advogado, não faltaram clientes de destaque para Rodrigo Pacheco. Coube a ele, por exemplo, fazer a defesa do núcleo financeiro do mensalão do PT, dos herdeiros do falido Banco Rural, no início desta década. “É um sujeito de competência ímpar, que é muito leal a sua formação jurídica. Muito respeitoso, inclusive com as inimizades”, conta o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas (OAB-MG), o advogado Luís Cláudio Chaves. Ele fez campanha por Pacheco em 2014 e chegou a enviar cartas escritas a punho para amigos influentes pedindo votos ao peemedebista. “Se ele for candidato ao governo de Minas, terei que sentar com minha família e conversar se apoiaremos ele. Tenho muitos amigos no sistema, então é algo a ser estudado ainda”, explica.
Além de Chaves, Pacheco contou com o apoio maciço de vários integrantes da OAB mineira.
‘Caxias’, separado e fã de Chico Buarque
Criado em Passos, no Sul de Minas, Rodrigo Pacheco nasceu, na verdade, em Porto Velho (RO). Seu pai, o empresário Hélio Pacheco, viajava o país fazendo consultorias para uma empresa de transporte e rodou a região Norte durante os anos 1970. Pacheco voltou ao interior de Minas aos 2 anos, onde permaneceu até os 15, quando, acompanhado da mãe, mudou-se para Belo Horizonte.
“Temos uma família unida, mas estamos longe um do outro. Um irmão mora nos Estados Unidos, e o outro, em São Paulo. Meu pai mora no Paraná, onde tem uma pequena empresa de transporte”, conta.
“Minha família mesmo, aqui em BH, é minha filha, que tem 9 anos”, conta o deputado, que é separado e hoje namora uma blogueira de moda.
Diabético, Pacheco é sistemático para se alimentar durante eventos e cerimônias oficiais, sempre aproveitando a passagem de garçons para petiscar. “No geral, é um cara muito caxias, ele leva as coisas que faz muito a sério, é profissional em tudo que faz”, conta a chefe de gabinete Keith Abranches.
No escritório do deputado, chama atenção uma miniatura em massa do músico Chico Buarque. “É, de longe, meu artista favorito”. Um dia antes da entrevista, Pacheco havia comparecido a um show do cantor no Palácio das Artes, em BH. “É sempre fenomenal”, diz, “e nem tive problema algum por lá, isso foi ótimo”, conta, rindo e lembrando-se dos protestos contra deputados que votaram pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Questionado sobre o tipo favorito de leitura, o deputado diz que prefere textos técnicos sobre direito. Durante a entrevista, um livro caiu, sozinho, da estante. “Qual livro caiu? Pode ser um sinal”, exclamou em tom supersticioso. A publicação era “A quarta revolução”, de Adrian Wooldridge e John Micklethwait, que aborda a nova revolução política pela qual passa o mundo, em que o status quo ocidental vem ficando para trás.

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