Na vistoria será usada uma ferramenta de “investigação de dutos” chamada de PIG, fabricada sob medida e com sensores capazes de indicar indícios de amassamentos, corrosão ou fissuras na tubulação
A Anglo American começa nesta quarta-feira a inspeção interna de toda a extensão do mineroduto do Minas-Rio. O mineroduto percorre 529 quilômetros de Conceição do Mato Dentro, na Região Central do estado, a São João da Barra (RJ). A inspeção será feita depois de ocorrer dois vazamentos, em 12 e 29 de março, que resultaram no lançamento de 947 toneladas de minério de ferro em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata.
Segundo a empresa, na vistoria será usada uma ferramenta de “investigação de dutos” – chamada de PIG. Os PIGs foram fabricados sob medida e têm sensores capazes de indicar indícios de amassamentos, corrosão ou fissuras na tubulação. O processo começa com a passagem da ferramenta de limpeza e prossegue com outras três variações do equipamento (PIGs geométrico, magnético e ultrassom).
“Os PIGs de limpeza retiram os resíduos depositados no interior dos tubos e preparam a passagem dos instrumentos de medição e análise. Na sequência, o PIG geométrico vai medir se há deformidades nos dutos”, informou a empresa. O PIG magnético deve detectar a possibilidade de corrosões internas e externas. O PIG ultrassom busca trincas na tubulação.
Os equipamentos são transportados na tubulação por meio do bombeamento de água e a inspeção deve durar até agosto.
Após a conclusão dos trabalhos, os dados serão analisados por uma empresa gerando gráficos que indicarão os parâmetros de segurança operacional do mineroduto. “Essas informações vão ser utilizadas como referência para eventuais medidas a serem tomadas pela empresa e também serão enviadas para os órgãos públicos competentes com o objetivo de embasar a autorização para a volta das atividades da companhia”, completou a empresa.
RETIRADA DA POLPA DE MINÉRIO
Em 19 de maio, foi concluído o processo de enchimento e bombeamento de água para retirada da polpa de minério retida no momento da paralisação das operações. O processo foi feito depois da autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Justiça de Rio Casca, na Zona da Mata.
“O procedimento ocorreu dentro da normalidade, sem incidentes, e foi finalizado de forma segura, de acordo com o planejado”, concluiu a empresa.
O VAZAMENTO
Ocorridos em 12 e 29 de março, os rompimentos resultaram no lançamento de 947 toneladas de minério de ferro em Santo Antônio do Grama. O primeiro despejou minério no manancial que abastece o município e também no leito de Ribeirão Santo Antônio. Na época, o vazamento assustou os moradores da cidade e a captação de água foi interrompida pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
O segundo vazamento ocorreu menos de 20 dias depois, próximo ao local do primeiro incidente. A falha em uma solda de parte do mineroduto de 529 quilômetros entre Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas, e o Porto do Açu (RJ), seria o motivo para os dois vazamentos. No período, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que 318 toneladas foram despejadas no curso d’água no primeiro vazamento e, no segundo, uma análise na região constatou o escoamento de 647 toneladas de material – sendo que 174 toneladas atingiram o curso d’água e 473 uma fazenda.