A mineradora Anglo American recebeu recomendações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para a elaboração do Plano de Ação de Reassentamento das famílias atingidas pelo projeto Minas-Rio em Conceição do Mato Dentro. O documento com 8 orientações foi enviado no dia 12 de janeiro.
A primeira recomendação é que a definição das famílias a serem contempladas seja baseada no impacto sofrido por elas. Uma publicação da Cáritas, a Assistência Técnica Independente (ATI) que atende as comunidades atingidas da área, apontou que a Anglo American teria desconsiderado as localidades da vertente oeste do Rio Santo Antônio.
De acordo com uma nota da Cáritas divulgada no dia 15 de dezembro, a empresa terceirizada de consultoria socioambiental Synergia foi a responsável por fazer a identificação das famílias e atualizar as coordenadas da comunidade Gondó. No entanto, o mapa elaborado pela empresa deixou de fora as famílias que não participaram da primeira oficina do Plano de Ação de Reassentamento e se sentem atingidas pelo projeto da Anglo American, levando em conta a Política Estadual dos Atingidos por Barragens (PEAB).
O comunicado mais recente da Cáritas também aponta que as famílias atingidas não participaram de todo o processo. É por isso que o Ministério Público de Minas também recomenda que a negociação deve contar com a participação ativa das famílias atingidas. Assim, elas devem estar acompanhadas pela ATI em atuação no território em todas as etapas de elaboração e de execução do Plano de Ação de Reassentamento.
O Ministério Público também estabeleceu que o reassentamento seja feito somente após a verificação da infraestrutura pelo Poder Público, por meio de convênios. Para isso, é necessário que haja fornecimento de água em quantidade e qualidade suficiente e de forma sustentável. Além disso, a mineradora deve providenciar a regularização de imóveis no registro imobiliário, garantindo o direito de propriedade à comunidade reassentada.
O Plano de Ação de Reassentamento deve ser executado e concluído em acordo com o MPMG. Além disso, foram vedadas negociações paralelas à execução do Plano, mesmo a pedido de integrantes da comunidade.
Também foi recomendado que seja estabelecido um prazo para o reassentamento, sujeito a envio de esforços para seu cumprimento. Até o momento, a mineradora não afirma ter estabelecido essa data. Por fim, é necessário que o novo local não atinja novamente as comunidades pelo efeito da mineração.
O Ministério Público também aponta que devem ser considerados os parâmetros do Manual Operacional do Banco Mundial de Reassentamento Involuntário. A Anglo American respondeu com a seguinte nota:
“A Anglo American informa que tomou conhecimento da recomendação encaminhada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, está avaliando os fatos alegados, e encaminhará a sua resposta no prazo determinado pelo MPMG, dentro dos trâmites formais”.