Criada em 2000 e conhecida pelos projetos e parcerias envolvendo artistas e repertórios populares, a Orquestra Ouro Preto coloca agora sua versatilidade a serviço da obra de um dos maiores gênios da história da música brasileira. As cordas abrem espaço para a sanfona, o triângulo e a zabumba, criando uma mistura entre o erudito e o popular no espetáculo “Gonzagão: Concerto para Cordas e Trio Pé de Serra”, que estreia no dia 10 de setembro, às 11h, no Sesc Palladium, em Belo Horizonte.
Minas, Pernambuco e Paraíba é uma combinação que vem dando muito certo na trajetória da Orquestra. Além do encontro com Alceu Valença, que rendeu dois elogiados concertos dedicados à obra do cantor, poeta e compositor, e após o mergulho vertical na obra de Ariano Suassuna para a criação de seu “Auto da Compadecida, a Ópera”, a parceria com Antonio Nóbrega, expoente do Movimento Armorial, e a cantora Duda Beat, em um celebrado concerto transmitido via YouTube, a formação mineira se volta à obra de mais um artista notável que enalteceu o Nordeste em sua arte.
“Não existe um ‘único’ Nordeste, mas vários. O Nordeste é múltiplo, uma região que abrange uma diversidade cultural única no nosso país. Basta se deslocar 60 quilômetros para qualquer lado que tudo muda, desde o sotaque, passando pelos ritmos, a riqueza das paisagens, a cultura local, tudo se transforma de um lugar para o outro. Somos abençoados por poder beber nesta fonte inesgotável”, celebra o maestro Rodrigo Toffolo, regente titular e diretor artístico da Orquestra.
Nascido em Exu, no Sertão de Pernambuco, em 1912, Gonzagão deixou um legado de canções conhecidas por muitos e regravadas mesmo após sua morte, em 1989. Ao longo de meio século de carreira, deixou 44 discos de vinil e mais de 50 compactos, sem contar os registros em 78 rotações e as coletâneas. São mais de 480 composições e 1.250 gravações. “O repertório do concerto contempla os clássicos de ‘Seu Luiz’ dentro de uma roupagem, até agora, única. Encontro de timbres e musicalidade que certamente será um marco na nossa trajetória”, adianta o maestro. “Asa Branca”, “O Xote das Meninas”, “Qui Nem Jiló”, “Vida de Viajante” e “Assum Preto” devem entrar no setlist.
Para criar esse tributo e mergulhar no universo de Luiz Gonzaga, a Orquestra Ouro Preto convidou o arranjador Mateus Freire, com quem soma parcerias de grande reconhecimento e sucesso, entre elas as versões para os clássicos de Alceu Valença nos projetos Valencianas I e II. Ele foi buscar nas memórias de infância a inspiração para propor um diálogo entre as cordas e a sanfona nos novos arranjos.