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MG oferecerá medicamento que reduz risco de infecção por HIV

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O medicamento que reduz a probabilidade de infecção pelo vírus HIV será disponibilizado a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) de Minas Gerais no início de 2018. O Brasil é o primeiro país da América Latina a adotar a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), já indicada nos Estados Unidos e em países da Europa. Especialistas e grupos de apoio a pessoas com Aids reconhecem a importância da estratégia, mas ressaltam a necessidade do uso da camisinha – além de não ser 100% eficaz na prevenção do HIV, a PrEP não impede a gravidez nem protege contra outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Em Minas, a PrEP será oferecida em Belo Horizonte, em Ipatinga, no Vale do Aço, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e em Uberlândia, no Triângulo. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o medicamento estará disponível para homossexuais, transexuais, travestis, profissionais do sexo e casais sorodiscordantes (em que um dos parceiros vive com HIV e o outro, não) que tenham comportamento sexual de risco. Contudo, não há informações sobre quantas pessoas terão acesso à profilaxia nem sobre a distribuição do medicamento.
Saiba mais. A PrEP é uma combinação de dois medicamentos (tenofovir e entricitabina) em um único comprimido, que deve ser ingerido uma vez por dia, de maneira continuada. O medicamento impede que o HIV se estabeleça no corpo. “É como se fosse uma barreira química para a entrada do vírus no organismo”, explicou Mateus Westin, infectologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A probabilidade de eficácia depende da adesão à PrEP – se tomado regularmente, o medicamento reduz o risco de infecção pelo HIV em mais de 90%. A PrEP, no entanto, não deve substituir outras formas de prevenção. “Ela não é uma alternativa ao preservativo, é adicional. O conceito que se usa hoje é o de prevenção combinada. A PrEP é mais uma das medidas, não é a salvadora”, disse Westin.
Uma pesquisa realizada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e pelo aplicativo de relacionamentos gays Hornet com 3.218 pessoas mostrou uma situação de alta vulnerabilidade ao HIV entre os homens gays que responderam ao questionário. A enquete, realizada entre 22 de setembro e 16 de outubro de 2017, mostrou que um em cada cinco disse não ter se testado para alguma IST nos 12 meses anteriores à pesquisa. Entre os que se testaram, 27% tiveram diagnóstico positivo para alguma IST.
Segundo Westin, muitas pessoas têm deixado de usar a camisinha. “As pessoas não usam o preservativo em relações que se tornam estáveis, a prática de fazer exames de HIV é pouco comum, e boa parte não usa nem mesmo em relações casuais”, disse. Ele ressalta a importância da prevenção, visto que a Aids, embora possa ser controlada, gera uma série de dificuldades. “É uma doença crônica, exige acompanhamento médico regular e remédio todo dia”.
Saiba mais
PrEP. A implantação da profilaxia vai ocorrer de forma gradual. No primeiro ano, o medicamento será disponibilizado em 36 serviços de 22 municípios de 11 Estados.
Pesquisa. O medicamento utilizado na PrEP no Brasil, a Truvada, é produzido apenas nos Estados Unidos. O país paga cerca de US$ 0,75 a dose. A UFMG faz uma pesquisa que compara a Truvada com uma dupla nacional de antirretrovirais.
A PrEP pode desestimular o uso de preservativo, e, por isso, a incidência de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) deve aumentar. Essa é a preocupação de movimentos de apoio a pessoas com Aids, como o Grupo Vhiver, em Belo Horizonte.
“Isso é fato, principalmente entre os jovens. Me preocupa que outras doenças sexualmente transmissíveis explodirão com a PrEP”, disse o presidente do grupo, Valdecir Fernandes Buzon. Para ele, o início ideal da oferta da profilaxia seria apenas para casais sorodiscordantes, com ampliação gradual de público.
Números. Conforme o Ministério da Saúde, a taxa de detecção de Aids quase triplicou entre homens de 15 a 19 anos, de 2006 a 2016, passando de 2,4 para 6,7 casos a cada 100 mil habitantes. Já entre os de 20 a 24 anos, a taxa mais que dobrou – de 16 para 33,9 casos a cada 100 mil habitantes.
Em Minas, 3.587 casos foram diagnosticados até 27 de dezembro deste ano, uma média de quase 300 por mês.

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